Sobre as minhas palavras:

Os textos escritos por mim, podem sofrer alterações ao longo do tempo, não que eu mude o seu sentido, mas se eu achar necessário acrescentar algumas palavras pra melhorar o entendimento do que eu já havia dito, eu o farei! E só pra constar, eu escrevo ao calor do momento e muitos dos sentimentos e vontade mudam com o tempo. :}

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Sempre Pensando

É que ela já não sabia mais onde buscar esperança dentro de si pra recomeçar. Estava cansada de estar sempre abaixada, no chão, tratando de recolher os pedaços do seu coração que outrora entragara a alguém pra tomar conta, e que logo depois descobriu que aquela pessoa não tinha tanto apreço pelo seu coração de forma a deixa-lo cair, e se quebrar em mil cacos. Não, não ia mais ser assim. Ela decidiu que ninguém melhor do que ela mesma pra tomar conta de seu coração. Nada de confia-lo a  alguém assim tão rápido. Nada de responsabilizar alguém por ele. Agora ela iria tomar conta dele. Não ia deixa-lo cair por tão pouco, nem tão fácil. Ela decidiu que não ia mais pedir a ninguém pra tomar conta dele. Se alguém o fizesse algum dia, agora, seria por vontade própria. Ia ser alguém disposto a ter zelo por ele. Ela respirou fundo na noite estrelada em que pensava, e pensou se era bom viver diante tais riscos. Sim, foi a resposta que encontrou, mesmo que as perdas doessem tanto, mesmo que ela volta e meia se pegava juntado cacos de sua vida e de seu coração, mesmo que a cada tropeço fosse preciso descobrir uma nova maneira de viver e de agir, não era muito fácil, nem agradável o bastante sempre, mas era bom sim. E valia a pena pagar pra ver o final.


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terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Chove lá fora. A noite fica triste e serena com chuva fina. É como se o tempo parasse para que alguém reflita. Pelo menos é assim que eu me sinto quando eu olho chover. Sinto uma inundação dentro de mim. Como se toda aquela chuva caindo lá fora me fizesse pensar em tudo que eu dei um jeito de esconder dentro de mim mesma, devo ter algum lugar secreto onde eu jogo tudo que me faz mal e depois perco a chave. Mas quando chove, fica nublado, ou algo me faz ficar em suspenso.. tudo isso vem a tona. Não sei como ainda (pretendo descobrir um dia um jeito de mante-los guardados sempre, mais ainda não descobri como), mas é como se a chave fosse sozinha até a fechadura fizesse o favor de se virar e abrir a porta pra liberar tudo que eu tanto lutei pra trancafiar lá dentro. Enfim, certas noites como essa me fazem parar pra pensar. eu sei que na vida faz parte ser feliz e ser triste, rir e chorar. Mas eu juro que daria tudo pra ser beem mais feliz que triiste. E rir bem mais que derramar lágrimas por pessoas e ocasiões não merecedoras dela. Enquanto isso eu deixo passar pessoas e coisas maravilhosas porque ainda não consegui descobrir um jeito de jogar pra fora de mim o que faz mal, e eu sei que enquanto eu continuar guardando (mesmo que seja em algum lugar esquecido) dentro de mim.. tudo vai continuar igual, mais lágrimas do que sorrisos!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

AMOR É PROSA, SEXO É POESIA

Sábado, fui andar na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon:
- Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas.
- Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes? – questiona a outra.
- Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo...
Uma delas (solteira e lírica) me diz:
- Sexo e amor são a mesma coisa...
A outra (casada e prática) retruca:
- Não são a mesma coisa não...
Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais “sutis” defendem o amor, como algo “superior”. Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa.
O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.
No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Seco, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se não for eterno, não era amor” (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: “Faça amor, não faça a guerra”. Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.
Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, FINGE-SE UM “AMORZINHO” PARA INICIAR. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo. O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O PERIGO DO SEXO É QUE VOCÊ PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE. Com camisinha, há sexo seguro, MAS NÃO HÁ CAMISINHA PARA O AMOR. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. “O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.